sábado, 19 de novembro de 2011

Formação com Irmão Élio Passeto, nds


Na última semana o Irmão Élio Passeto, nds proporcionou aos formandos de Sion, noviços, postulantes e aspirantes uma incrível viagem em vários âmbitos não apenas da cultura judaica, mas em seu pensamento teológico, político e sobretudo sobre as escolas rabínicas, para uma melhor compreensão do contexto da época e sua relação com o Cristianismo.
Com simplicidade e acima de tudo propriedade, nos foi transmitido o conhecimento e uma melhor compreensão do contexto histórico e cultural da época da formação dos Evangelhos, bem como os Evangelhos apócrifos, e também sobre a canonicidade dos mesmos.
Pudemos conhecer melhor também  duas escolas rabínicas, a escola de Hillel, rabino de suma importância para a história do judaísmo, de tendência mais liberal e moderada, e a escola do rabino Shamai, mais austera e conservadora. O irmão Élio, nds fez questão de enfatizar a similaridade entre os ensinamentos de Hillel e de Jesus.
Hilel é conhecido por ser o sábio que preservava o amor, o humanismo, a bondade, a paciência e a humildade. Ele foi o primeiro dos rabinos fariseus, nasceu na Babilônia durante o século I A.E.C., mudou-se para a Judéia com 14 anos. Passou alguns anos em Jerusalém e depois se mudou para a Galiléia. 

    Os ensinamentos dele se encontram relatados no Pirkei Avot (a ética dos pais), escrito na Babilônia e depois acrescidos de outros ensinamentos, sendo adicionados ao Talmud. Nessa época, houve uma grande disseminação do Talmud, que tornou os eruditos da Mishná os verdadeiros líderes religiosos do povo, os chamados Tanaim (de Taná, em aramaico, significa aquele que estuda, repetindo e transmitindo os ensinamentos de seus mestres). 


Esse período dos Tanaim foi considerado de grande criatividade, inovação e grande florescimento da cultura judaica, ao mesmo tempo em que foi de uma crise turbulenta, culminando com a destruição do templo no ano 70 E.C., o que tornou necessária a restauração de toda a vida religiosa. Hilel era chamado também de HaZaken (do hebraico, O Velho), o que indicava que ele tinha um lugar de honra alto na comunidade. 

    A primeira geração dos Tanaim, que exerceu suas atividades no início do reinado de Herodes, é representada por Hilel e Shamai, fundadores de duas escolas que levaram seus nomes (Bet Hilel e Bet Shamai). As duas escolas refletiam a personalidade de seus fundadores. Hllel era uma pessoa amável, simples, próxima às camadas mais modestas, e suas máximas breves refletem sua generosidade, piedade e amor à humanidade.  Shamai era extremamente íntegro, mas rígido e irascível. 

    Hilel foi responsável pelo estabelecimento da Halachá, o conjunto de regras baseadas na interpretação da Tora, ou seja, como um judeu deveria viver de acordo com a Tora. Ele foi o líder de uma revolução espiritual no judaísmo. Ele acreditava na presença contínua de D’us no Universo e que a única maneira dos homens servirem a D’us era por meio de seus atos, sendo diretamente responsáveis por eles perante D’us. Falava também de união mística entre D’us e o homem. Apesar de todas as controvérsias que se acenderam entre estas, ambas inscreviam-se na estrutura tradicionalmente aceita no judaísmo. As disputas pela Halachá entre elas prosseguiram por muitas gerações até que finalmente prevaleceram os pontos de vista de Hilel. 

As aulas foram abertas às questões e curiosidades dos formandos, e o irmão Élio  sempre se mostrou cordial, solícito e simpático, esclarecendo dúvidas não apenas teológicas, mas também políticas como a questão Palestina e Israel, sobre o Estado de Israel e sobre o quotidiano do povo judeu.
 Tivemos contato também com textos que refletiam sobre nossa Congregação e nosso carisma.
Assim, graças ao trabalho do Irmão Élio Passetto pudemos conhecer melhor essas duas escolas rabínicas, bem como o Talmud, o contexto e a época da “confecção” dos Evangelhos e aprendemos sobretudo a sempre beber das fontes judaicas para a melhor compreensão da nossa fé cristã. Além de estar em contato direto com as fontes de nossa Congregação Religiosa.

Por Wellington Apolonio, aspirante

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