quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vida Comunitária e Fraternidade


Apresentarei 7 "razões" para o “encanto” da vida religiosa fraterna em comunidade. Se for verdade que a vida em Comunidade é um grande desafio, não é menos verdade que ela é verdadeira escola de oração e espaço de encontro com Deus e os irmãos.
1. É a passagem ascética do “eu” ao “nós”
O caminho que vai do homem velho, que tende a fechar-se em si mesmo, ao homem novo, que se entrega aos outros, é um caminho longo, doloroso e difícil. É um caminho de cruz que requer muita humildade. A vida fraterna não é coisa espontânea, nem um objetivo que se consiga em pouco tempo, mas precisa ser assumida como ascese pessoal, para que, a pouco e pouco, se faça a passagem do “eu” pessoal ao “nós” comunitário.
2. É viver para servir
Quem na vida fraterna em comunidade não vive para servir, não serve para viver em fraternidade. Todos os irmãos são chamados ao serviço uns dos outros e, nisso, o superior deve ser o primeiro. Ele é o “servus servorum Dei”: o servo dos servos de Deus. Pertence-lhe coordenar os diversos dons, iniciativas e sugestões, fomentando uma união de caridade em torno do projeto comum.
3. É ser lugar do PERDÃO, da ALEGRIA e da FESTA
A alegria de viver juntos em fraternidade é um sinal da alegria do Reino de Deus, que testemunha diante da Igreja e do mundo que é possível viver em comunhão. Uma comunidade reconciliada e rica em alegria é um verdadeiro dom do Alto: “Vede como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos!” (Sl 133,1). O saber fazer festa juntos, o alegrar-se nas alegrias do irmão, a atenção às suas necessidades, a sensibilidade do pequeno gesto, o enfrentar com misericórdia situações difíceis, o aceitar o amanhã com esperança, produz serenidade, alegria e paz interior.

4. É ser símbolo de comunhão na Igreja e para o mundo 

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Viver em comunidade, no amor, é em si um testemunho cristão, mesmo antes de qualquer atividade. Quanto mais intenso e autêntico for o amor fraterno, maior será a credibilidade do apostolado e da mensagem anunciada. Cada irmão, cada irmã é uma graça de Deus. Celebrar o amor de Deus na pessoa do irmão é viver a vida em plenitude na comunidade. O encanto da vida fraterna está em reconhecer isso e fazer com que isso seja verdadeiro entre irmãos.
5. É ser ponte ou ligação para os irmãos
Os elementos de uma comunidade religiosa têm de estabelecer laços fraternos de união, só serão possíveis a partir de uma sadia, plural, livre e sincera plataforma decomunicação. Contribuem para a união fraterna os encontros regulares a nível local, regional e provincial; as cartas circulares e visitas dos superiores maiores, os boletins de informação interna, na medida em que geram relações mais estreitas, alimentam o espírito da família religiosa, fomentam a participação de todos, sensibilizam em relação aos problemas gerais e aproximam os irmãos. Ter confiança uns nos outros.
6. É ser cenáculo do encontro com Deus
A fraternidade consagrada deve ser uma escola de oração. A oração em comum alcança toda a sua eficácia quando está ligada à oração pessoal. Oração comum e oração pessoal estão em estreita relação e são complementares entre si. A oração beneficia o impulso apostólico: as comunidades religiosas mais apostólicas e evangelicamente mais vivas são as que têm uma rica experiência de oração.
7. É ser um dom do amor de Deus 
Pautado ainda nas Constituições dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion no n. 14 §1. Nossa procura comunitária de santificação se realiza na comunidade, lugar privilegiado onde vivemos nossa consagração religiosa, segundo suas dimensões fundamentais de relações fraternas, de oração, de formação e de estudo, todas iluminadas pelo nosso Carisma e orientadas para nossas atividades específicas. §2. Fundada na caridade que nos une, pelo Cristo, ao Pai, no Espírito, nossa vida comunitária se inspira no exemplo da primeira comunidade cristã de Jerusalém, pondo tudo em comum e se alimentando da Palavra de Deus e da Eucaristia, para viver e agir em presença do Senhor (At. 2,42; RF1). §3. As relações fraternas requerem, na medida do possível, a vida comum numa casa religiosa canonicamente constituída sob a responsabilidade de um Superior local. Esta vida em comum em Sion será assim um testemunho do valor que tem a Comunidade na Tradição da Igreja e de Israel.
Segundo o Concílio Vaticano II a eclesiologia da fraternidade consagrada é um modelo exemplar da comunhão eclesial, sinal e estímulo para todos os batizados (LG, 44). A comunidade religiosa é um dom do Espírito, oferecido à Igreja e ao mundo. Nasce do amor de Deus difundido nos corações por meio do Espírito e cresce quotidianamente, pelo mesmo amor. Esta comunhão, que é dom, torna homens e mulheres em irmãos e irmãs uns dos outros, não pelo sangue, mas em razão de uma vocação comum. Na Igreja todos devem viver em comunhão, mas “os religiosos são chamados para ser peritos em comunhão na comunidade eclesial e no mundo, testemunhas e artífices daquele projeto de comunhão que está no vértice da história do homem segundo Deus” (Religiosos e promoção humana, 24; VC, 46).
Pe.  Wagner Ferreira Pereira, NDS
E-mail: wagner.fp@gmail.com

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